2015: o ano que irá nos fortalecer
Por Thiago Norões.A despeito das dificuldades que se apresentam para o governo do Estado de Pernambuco, o ano de 2015 é encarado muito mais pela ótica do desafio do que pela da crise. Isso é especialmente verdade quando se olha a questão do desenvolvimento econômico. O ambiente de negócios do Estado e sua atratividade para novos investimentos permite afirmar com convicção que ocupamos hoje um lugar fora da curva descendente que se intensifica País afora.
Continuamos a crescer mais que a média nacional. Este ano, ainda que Pernambuco também sinta os efeitos da crise, no primeiro trimestre experimentamos uma leve expansão do Produto Interno Bruto (PIB), de 0,6%, mais de dois pontos percentuais acima dos 1,6% de retração registrados para o Brasil. Isso aconteceu porque hoje possuímos uma base econômica que nos dá condições de enfrentar melhor o ambiente macroeconômico turbulento em que nos encontramos. Sentimos, sim, os impactos negativos da situação em que se encontra o País, mas em escala menor que no passado e com menos intensidade que outros Estados.
Em primeiro lugar, Pernambuco continua a atrair investimentos. Enquanto lemos nos jornais e escutamos da classe empresarial as queixas sobre a desindustrialização, especialmente do parque fabril do Sudeste, acolhemos aqui novos projetos. Somente no primeiro semestre, anunciamos investimentos da ordem de R$ 200 milhões de indústrias que irão se instalar ou ampliar suas operações. Outra notícia a ser celebrada é que a maior parte dos recursos aportados e dos empregos gerados, cerca de 1.700 no total, se direcionam para cidades fora da Região Metropolitana, consolidando o sucesso da política de interiorização do desenvolvimento.
Neste turbulento 2015, o fato econômico de maior relevância para o País aconteceu em Goiana, Zona da Mata Norte. A inauguração do Complexo Automotivo Jeep transformou o Estado em uma nova capital automotiva mundial.
Estamos seguindo à risca a orientação do governador Paulo Câmara de manter a determinação na busca por novos negócios. Lançar mão das vantagens competitivas que estruturamos nos últimos anos e bater na porta dos investidores, sentar, negociar e apresentar o ambiente diferenciado do Estado. Desta forma, olhando para o futuro do desenvolvimento econômico, decidimos intensificar uma fórmula que já mostrou seus resultados nos últimos anos: planejar o desenvolvimento a partir de investimentos em setores estratégicos. Não bastasse a inauguração do Polo de Goiana, a cadeia automotiva pernambucana ganhou reforço com os anúncios do Centro de Distribuição da Toyota, do segundo parque de fornecedores da Jeep e, mais recentemente, com a entrada em operação da montadora da Shineray.
Comemoramos também novas conquistas na área de energias renováveis. Este é um setor que, desde 2013, nos colocou em posição de vanguarda com a realização do primeiro leilão de compra de energia solar realizado no Brasil. Em abril, assinamos o primeiro contrato de fornecimento do País com a Enel Green Power, cujo parque solar encontra-se em fase de testes, no município de Tacaratu, o que coloca o Estado como o de maior potência instalada em painéis fotovoltaicos no País.

Thiago Norões é secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco e presidente do Complexo Industrial e Portuário de Suape
Obtivemos a autorização para início de funcionamento da nossa Agência de Desenvolvimento Econômico (AD Diper) como Comercializadora de Energia. De forma pioneira, ela atuará na venda da energia despachada pelos empreendimentos vencedores do leilão solar, fornecendo-a tanto a entes públicos como a empresas instaladas no Estado. Não bastasse isso, derrubamos paradigmas, galgando espaço considerável na geração de energia eólica. Apenas o grupo empresarial Casa dos Ventos investirá até R$ 6 bilhões em parques eólicos no território pernambucano. Esses investimentos levam desenvolvimento e uma melhor distribuição de renda a regiões mais remotas do interior do Estado, viabilizando também a consolidação de um polo industrial e de serviços de apoio à essa atividade.
Entre as muitas razões que diferenciam Pernambuco no ambiente de negócios do País, devem ser ressaltadas nossa localização geográfica e os investimentos consistentes que vêm sendo realizados em infraestrutura. Elas nos tornaram um polo logístico em constante expansão que encontra no Complexo Industrial Portuário de Suape sua melhor expressão. Batemos ali recorde de movimentação de cargas em 2014, com 15 milhões de toneladas. E já nos primeiros três meses deste ano, voltamos a superar marcas históricas.
É verdade que nosso Estado e de forma mais aguda o Complexo de Suape sofreram por conta de desmobilizações ocorridas em empreendimentos lá instalados. Ainda que fosse esperada uma redução na representatividade da construção pesada no mapa do emprego em Suape, movimento natural com a conclusão dos empreendimentos, a crise que se abateu sobre a Petrobras acentuou tais impactos. Todavia, nada pode nos impedir de celebrar que Pernambuco integra hoje o seleto grupo de Estados que possuem uma refinaria de petróleo em funcionamento. A primeira erguida no Brasil em mais de 30 anos.
O mais importante ao se olhar para o complexo industrial de Suape é enxergar que ele está em franca expansão e diversificação. Além da recém inaugurada Shineray, temos previstas para este ano outras quatro inaugurações e duas ampliações de fábricas, totalizando cerca de R$ 512 milhões de investimentos. Essas empresas se somarão às 105 já em funcionamento e a outras 45 que estão em fase de implantação.
Quando observamos o horizonte de investimentos em infraestrutura, Suape contará com seis novos terminais dentro do Programa de Investimento em Logística (PIL) do Governo Federal, anunciado em junho: o segundo terminal de contêineres (Tecon 2); o terminal de veículos; o terminal de grãos; dois terminais de granéis minerais; e um terminal de uso privado (TUP) para o Vard Promar. Juntos, os empreendimentos somam R$ 2,35 bilhões e devem começar a ser licitados no primeiro semestre de 2016.
Também deve ser comemorado o anúncio do Plano de Negócios da Petrobrás, divulgado pela companhia há poucas semanas, de que será investido US$ 1,4 bilhão na conclusão das obras da Refinaria prevista para 2019. Outro fato a comemorar é a construção já contratada de nova usina termelétrica a gás natural que deve representar inversões da ordem de R$ 3 bilhões. Esses são alguns dos empreendimentos pautados para os próximos dois a três anos que prenunciam uma retomada de investimentos e do emprego em nosso Estado.
Aproveitei a oportunidade deste espaço para listar algumas perspectivas animadoras em um ano dominado por fatos negativos. Não podemos nos deixar vencer pelo pessimismo. Nosso olhar deve estar voltado para o futuro. No apoio às cadeias produtivas tradicionais, no adensamento das novas, na conquista de mais investimentos e no estímulo ao aumento da competitividade e inovação. Sem dar intimidade a problema, mas com doses fortes de realismo, entendemos que os desafios se mostrarão mais intensos nos próximos meses. Diante disso, a receita nesse momento adverso inclui racionalizar gastos, fazer mais com menos e sermos, acima de tudo, criativos e determinados. Acreditamos que 2015 e seus desafios irão nos fortalecer.