SUPERANDO DESAFIOS
A CEO da Pandora Brasil, Rachel Maia, em entrevista à Negócios PE, falou sobre os desafios de gerir uma das maiores joalherias do mundo. Aos 45 anos, mulher e negra, ela não se intimida com um mundo business predominantemente masculino e se firma, há 8 anos, como presidente da filial da marca dinamarquesa de joias.Por Bárbara Travassos | Foto divulgação
A CEO da Pandora Brasil, Rachel Maia, em entrevista à Negócios PE, falou sobre os desafios de gerir uma das maiores joalherias do mundo. Aos 45 anos, mulher e negra, ela não se intimida com um mundo business predominantemente masculino e se firma, há 8 anos, como presidente da filial da marca dinamarquesa de joias.
Formada em Ciências Contábeis, pós-graduada em Finanças pela USP e com cursos de especialização em Vancouver (Canadá) e Harvard (EUA), Rachel iniciou sua carreira na Seven Eleven – como controller, durante sete anos –, depois atuou na Novartis Pharmacy, por 4 anos, e na Tiffany & Co, onde foi responsável pela chegada ao Brasil e ficou por sete anos e meio como CFO.
Rachel revelou que a Pandora pretende se firmar no Norte e no Nordeste do Brasil. Considerada uma das maiores joalherias do mundo, a marca está presente em mais de 100 países nos seis continentes, com aproximadamente 9 mil pontos de venda, incluindo 1.800 lojas conceito, além das vendas por meio de seu e-commerce.
A Pandora, que está no Brasil desde 2009, finalizou o ano de 2014 com 35 lojas e em 2015 praticamente dobrou este número, fechando o ano com 69 lojas conceito. Em 2016 seguiu com seu plano de expansão, inaugurando mais 20 novas lojas conceito. Para 2017 continua expandindo e tem a previsão de abertura de mais dez novas lojas conceito.
A Joalheria Pandora foi fundada em 1982 em Copenhague, Dinamarca. Desenha, fabrica, distribui e vende joias a preços acessíveis com um modelo de negócio integrado.

Que barreiras você enfrenta e destacaria por comandar uma grande empresa, levando em consideração as discrepâncias sociais e de inclusão no mercado de trabalho sendo mulher e negra?
O que eu vejo é que existe no mercado uma forma de aceitação mais natural para com os estrangeiros. O brasileiro ainda está aprendendo a lidar com a diversidade dentro do seu próprio espaço, principalmente quando falamos de cargos de liderança. A Europa, por exemplo, tem historicamente fronteiras muito menores com vários países afrodescendentes. Então, a convivência é totalmente diferente há muitos anos. Quando falamos de América Latina, a população em geral ainda não entende porque nem como mulheres negras chegaram em cargos altos. É um fato incomum. Esta é uma pergunta natural fora do business, refletindo também para várias outras áreas. Falando especificamente de mercado, é possível perceber que as pessoas ainda não entendem como faço parte desse grupo.
Como você enfrenta a crise no Brasil?
Eu vejo hoje – mesmo como uma inspiradora –, que diante dos obstáculos é um momento de pensar 'ok, este é o cenário e como vamos fazer para atravessar isso?’. Não podemos encarar os obstáculos como reta final, temos que pensar e analisar como vamos atravessá-los. Muitas vezes sei que vou precisar usar minhas melhores joias, minha melhor bolsa, se necessário melhorar minhas aptidões, ampliar meus conhecimentos para conseguir atravessar com maestria.
Com a Pandora tivemos diversos obstáculos, mas eu tenho meu olhar crítico para com a empresa. Não sou uma pessoa acomodada, sei que a Pandora deve evoluir e acredito muito nesse lado inovador. No entanto, temos que puxar a inovação não só para os negócios, mas também para o lado pessoal e profissional. Eu não sou a mesma pessoa de cinco anos atrás e não quero ser a mesma nos próximos cinco anos. Este é o pensamento que acredito, e que devemos ter para atravessar todos os obstáculos, buscar sempre a evolução.
Quais são os principais desafios para se administrar uma multinacional no ramo de joalheria?
A indústria de joalheria cresceu muito no Brasil nos últimos 20 anos. Oito anos atrás eu trabalhei na Tiffany, que foi uma das precursoras a trazer a classe de joias AAA para o país. Ter, neste mercado, uma joalheria chancelando esse conceito abriu muitas portas para todos e ajudou o setor como um todo. Eu vivi esse momento e isso ajudou muito. Nesse quesito acho que me fortaleci e consigo hoje colocar em prática todos os meus skills.
Em quais países a Pandora tem investido em expansão para 2017?
Queremos ser a joalheria mais amada globalmente, e para tal, precisamos estar em mercados onde a moda é vista como tendência. América Latina, China, Rússia, Índia. A Pandora continua vendo esses lugares como mercados em potencial. Falando especificamente do Brasil, o Norte e o Nordeste estão no nosso foco para os próximos cinco anos de trabalho. Olhamos com carinho para esse polo fashion e o Recife, principalmente. Esses são os pontos principais para nos tornarmos a joalheria mais amada.
Existem investimentos em tecnologia, pessoas ou outros setores previstos para 2017?
Estamos focados em ampliar nossa comunicação para o consumidor, queremos estar em todos os lugares, facilitando o alcance e a conquista. Em 2018 estamos focando nesse aspecto.